Em meio a tantas tendências artísticas, o espaço urbano tornou-se, já há alguns anos, ponto chave na poética de muitos artistas. Tanto para arte nas ruas (aquela feita especialmente para ocupar um espaço urbano), como para artistas que expressam ou baseiam-se na cidade (vídeo arte, performance, fotografia). No final das contas a cidade projeta a obra e é nela que encontramos alicerces para desenvolver nossas idéias. A cidade como suporte e componente poético para o desenvolvimento e extensão do trabalho artístico.
A arte contemporânea vem nos oferecendo uma inter-relação nos campos da arte. Ressurge movimentos e o artista passa a ser um propositor. Há uma ruptura nos conceitos pré-estabelecidos e uma nova organicidade quanto às investigações técnicas. Com o pensamento no contemporâneo, na afinidade que posso vir a estabelecer com o meu trabalho e nessa colocação que apresentei, busco uma relação baseada no trabalho poético de dois “multi” artistas, que definem ou remodelam o contexto urbano.
Primeiramente, Marco Buti, italiano, residente no Brasil há 46 anos. Buti tem uma pesquisa gráfica potente, transita nas linguagens, que são complementares na sua trajetória e desenvolvimento poético. Considero que a primeira parte do seu trabalho fundamenta-se no olhar. Como olhar o espaço ao seu redor, estabelecendo a relação sujeito e metrópole sem se contaminar?
Como ele mesmo cita no livro Ir Até Aqui:
“Para ver o que vejo todos os dias, preciso ser estrangeiro. O mundo é aqui. Mas é uma viagem, ir até aqui.”
Buti sintetiza o olhar ao fotografar a paisagem, desse fragmento, que no caso dele entra como um desenho de observação, um registro do primeiro olhar, ele redimensiona para a placa de metal, usando o fotografado como base na construção da gravura. Jamais menosprezando suas fotografias, posto que no final de um processo ele resulte dois fortes e expressivos trabalhos extremamente significativos.
No sentido contrário (relação gravura/espaço urbano) a Buti, me encanta o trabalho de Elisa Bracher, nascida em São Paulo, artista gravadora, escultora e desenhista. Utiliza a gravura como primeiro processo para adentrar ao espaço urbano. Buti não se detém ao tamanho, Elisa busca a extensão dos seus desenhos, transgride o tamanho do desenho ao tamanho da matriz. Utiliza várias chapas e une as folhas. Seu trabalho estabelece uma relação entre a gravura e a escultura, que chegam a ser complementares. A extensão da linha, a massa no espaço em branco, forças vindas do tridimensional (ilusão tri no bidimensional).
Seu trabalho se insere no meio, estender-se àquele espaço, essa relação, claro e escuro na gravura, passa a ser um dentro e fora, o que pertence e o que não faz parte. Suas esculturas dialogam com seu pensamento, suas obras estão contidas na cidade e pode-se notar o vazio e o cheio, sua intenção no lugar.
Ambos artistas trabalham a gravura tecnicamente de forma distinta, trabalham o urbano de maneira singular, mas tanto Buti quanto Elisa, me passam uma familiaridade com o espaço que projetam, eles sabem o que olhar e o mais importante como olhar, estabelecem relações entre o transeunte que atravessa a rua na grande cidade, entre a arquitetura e a natureza camuflada, entre o artista e seu papel de investigador.
*Texto reflexivo baseado nos textos dados em aula, sobre os artistas Elisa Bracher e Marco Buti.
Maneira Branca/ Gravuras de Elisa Bracher São Paulo: Cosac Naify: Pinacoteca do estado, 2006. p. 9-23.
“Ir Até aqui: Gravuras e Fotografias de Marco Buti” org: Alberto Martins, São Paulo: Cosac Naify, 2006. p.11-23.
A arte contemporânea vem nos oferecendo uma inter-relação nos campos da arte. Ressurge movimentos e o artista passa a ser um propositor. Há uma ruptura nos conceitos pré-estabelecidos e uma nova organicidade quanto às investigações técnicas. Com o pensamento no contemporâneo, na afinidade que posso vir a estabelecer com o meu trabalho e nessa colocação que apresentei, busco uma relação baseada no trabalho poético de dois “multi” artistas, que definem ou remodelam o contexto urbano.
Primeiramente, Marco Buti, italiano, residente no Brasil há 46 anos. Buti tem uma pesquisa gráfica potente, transita nas linguagens, que são complementares na sua trajetória e desenvolvimento poético. Considero que a primeira parte do seu trabalho fundamenta-se no olhar. Como olhar o espaço ao seu redor, estabelecendo a relação sujeito e metrópole sem se contaminar?
Como ele mesmo cita no livro Ir Até Aqui:
“Para ver o que vejo todos os dias, preciso ser estrangeiro. O mundo é aqui. Mas é uma viagem, ir até aqui.”
Buti sintetiza o olhar ao fotografar a paisagem, desse fragmento, que no caso dele entra como um desenho de observação, um registro do primeiro olhar, ele redimensiona para a placa de metal, usando o fotografado como base na construção da gravura. Jamais menosprezando suas fotografias, posto que no final de um processo ele resulte dois fortes e expressivos trabalhos extremamente significativos.
No sentido contrário (relação gravura/espaço urbano) a Buti, me encanta o trabalho de Elisa Bracher, nascida em São Paulo, artista gravadora, escultora e desenhista. Utiliza a gravura como primeiro processo para adentrar ao espaço urbano. Buti não se detém ao tamanho, Elisa busca a extensão dos seus desenhos, transgride o tamanho do desenho ao tamanho da matriz. Utiliza várias chapas e une as folhas. Seu trabalho estabelece uma relação entre a gravura e a escultura, que chegam a ser complementares. A extensão da linha, a massa no espaço em branco, forças vindas do tridimensional (ilusão tri no bidimensional).
Seu trabalho se insere no meio, estender-se àquele espaço, essa relação, claro e escuro na gravura, passa a ser um dentro e fora, o que pertence e o que não faz parte. Suas esculturas dialogam com seu pensamento, suas obras estão contidas na cidade e pode-se notar o vazio e o cheio, sua intenção no lugar.
Ambos artistas trabalham a gravura tecnicamente de forma distinta, trabalham o urbano de maneira singular, mas tanto Buti quanto Elisa, me passam uma familiaridade com o espaço que projetam, eles sabem o que olhar e o mais importante como olhar, estabelecem relações entre o transeunte que atravessa a rua na grande cidade, entre a arquitetura e a natureza camuflada, entre o artista e seu papel de investigador.
*Texto reflexivo baseado nos textos dados em aula, sobre os artistas Elisa Bracher e Marco Buti.
Maneira Branca/ Gravuras de Elisa Bracher São Paulo: Cosac Naify: Pinacoteca do estado, 2006. p. 9-23.
“Ir Até aqui: Gravuras e Fotografias de Marco Buti” org: Alberto Martins, São Paulo: Cosac Naify, 2006. p.11-23.
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