quinta-feira, 24 de abril de 2008

...jardim das delicias...

E de pensar que eu era menina
Doce...
Olhar nos olhos alheios e me sentir pequenina
Espelho da alma
Lembro-me de travessuras
E das gostosuras de me imaginar grande
De brincar de casinha
Com lençóis e almofadas
E minha velha boneca descabelada
Era Ela a que eu mais gostava
A panela de minha mãe pra comidinha
Tudo de mentirinha
Lembro de não me preocupar
De brincar de banco e empinar pipa no céu azul
-[nossa!] como ele era azul
Quanta diferença que há

Ah, também me lembro das brincadeiras na rua
Ciranda, esconde-esconde, skate, bicicleta
Quanto tombo, quantos gritos de minha mãe
-[Cuidado menina!]
Quanto sangue na calçada
E casquinha arrancada
As cicatrizes de criança
Teve o primeiro namorado
Quer dizer o primeiro amor platônico de toda menina
Aquele “cara” mais velho que te considera irmã mais nova e só te protege dos outros meninos. [Plaft]
E teve o primeiro beijo
O namorado na escola
Mãos dadas, sorriso no rosto
Será que ainda dá?!

Como pude esquecer...
Me lembro hoje de cada cola na prova
De cada professor chato
Mas cada palavra nova que aprendi o significado
-como é essa mesmo?! Amigo: que é ligado a outro por laços de amizade; protetor, companheiro.
Teve lágrimas na despedida pras férias
E o maior esquecimento é quando tudo acaba
Cada um se torna grande, agora de verdade
As bonecas têm vida própria
Na panela, tem que ter comida
E tudo depende de nós
Quanta coisa pra fazer e pouco tempo pra executar
Mas tão gostoso de ver
O nosso caminho trilhar

Nunca não vou esquecer
De cada amarguinho,
Nem de cada doce que a vida pode me proporcionar.
Dela me faço feliz
Mesmo fechando os olhos para o que não quero ver
Se abrir a janela do meu quarto verei outros como eu
Com o desejo de ser criança
E viver na Terra do Nunca
Quero uma realidade mágica
Fantástica sempre

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Lembrança nostálgica e suave de pessoas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a ve-las ou possui-las

Seu corpo treme com cada pensamento nele presente
[Assim como o sofá de sua casa tremeu, ontem, com o mini terremotinho]
Não consegue não dispersa
Alimenta a ânsia de desejo
Consome cada ato
Destrói cada esperança
Espera a possibilidade
Vontade toma conta do seu ser
Indigesta mas verdade
Querer, com Fé ela quer
Arrisca umas palavrinhas
Saudade
Tê-lo
Desejo...
...constante...

(Aguarda!)

domingo, 13 de abril de 2008

[terrorismo poético]


arte

como

crime



crime

como

arte
Rafa, maloqueiro, artista, modificador dos meus pensamentos... fico grata por cada palavra que me faz ver e pensar...te adoro lindo...tamo junto, acredito em você...Tu é a MUDANÇA que busco ver no mundo.
Axé rei

sábado, 12 de abril de 2008

[me]

Foto Murilo Ganesh [UP#8]


na busca me busco me perco não me acho escondo-me e ri-o sozinha descanso no balanço dos sonhos perdidos inabaláveis esquisitos felizes me guardo projeto-me lanço-me em teus braços me largo eu acho repito e insisto eu largo não guardo...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

“O espaço urbano fragmentado sob o olhar do artista”

Em meio a tantas tendências artísticas, o espaço urbano tornou-se, já há alguns anos, ponto chave na poética de muitos artistas. Tanto para arte nas ruas (aquela feita especialmente para ocupar um espaço urbano), como para artistas que expressam ou baseiam-se na cidade (vídeo arte, performance, fotografia). No final das contas a cidade projeta a obra e é nela que encontramos alicerces para desenvolver nossas idéias. A cidade como suporte e componente poético para o desenvolvimento e extensão do trabalho artístico.

A arte contemporânea vem nos oferecendo uma inter-relação nos campos da arte. Ressurge movimentos e o artista passa a ser um propositor. Há uma ruptura nos conceitos pré-estabelecidos e uma nova organicidade quanto às investigações técnicas. Com o pensamento no contemporâneo, na afinidade que posso vir a estabelecer com o meu trabalho e nessa colocação que apresentei, busco uma relação baseada no trabalho poético de dois “multi” artistas, que definem ou remodelam o contexto urbano.

Primeiramente, Marco Buti, italiano, residente no Brasil há 46 anos. Buti tem uma pesquisa gráfica potente, transita nas linguagens, que são complementares na sua trajetória e desenvolvimento poético. Considero que a primeira parte do seu trabalho fundamenta-se no olhar. Como olhar o espaço ao seu redor, estabelecendo a relação sujeito e metrópole sem se contaminar?

Como ele mesmo cita no livro Ir Até Aqui:
“Para ver o que vejo todos os dias, preciso ser estrangeiro. O mundo é aqui. Mas é uma viagem, ir até aqui.”

Buti sintetiza o olhar ao fotografar a paisagem, desse fragmento, que no caso dele entra como um desenho de observação, um registro do primeiro olhar, ele redimensiona para a placa de metal, usando o fotografado como base na construção da gravura. Jamais menosprezando suas fotografias, posto que no final de um processo ele resulte dois fortes e expressivos trabalhos extremamente significativos.

No sentido contrário (relação gravura/espaço urbano) a Buti, me encanta o trabalho de Elisa Bracher, nascida em São Paulo, artista gravadora, escultora e desenhista. Utiliza a gravura como primeiro processo para adentrar ao espaço urbano. Buti não se detém ao tamanho, Elisa busca a extensão dos seus desenhos, transgride o tamanho do desenho ao tamanho da matriz. Utiliza várias chapas e une as folhas. Seu trabalho estabelece uma relação entre a gravura e a escultura, que chegam a ser complementares. A extensão da linha, a massa no espaço em branco, forças vindas do tridimensional (ilusão tri no bidimensional).

Seu trabalho se insere no meio, estender-se àquele espaço, essa relação, claro e escuro na gravura, passa a ser um dentro e fora, o que pertence e o que não faz parte. Suas esculturas dialogam com seu pensamento, suas obras estão contidas na cidade e pode-se notar o vazio e o cheio, sua intenção no lugar.

Ambos artistas trabalham a gravura tecnicamente de forma distinta, trabalham o urbano de maneira singular, mas tanto Buti quanto Elisa, me passam uma familiaridade com o espaço que projetam, eles sabem o que olhar e o mais importante como olhar, estabelecem relações entre o transeunte que atravessa a rua na grande cidade, entre a arquitetura e a natureza camuflada, entre o artista e seu papel de investigador.




*Texto reflexivo baseado nos textos dados em aula, sobre os artistas Elisa Bracher e Marco Buti.
Maneira Branca/ Gravuras de Elisa Bracher São Paulo: Cosac Naify: Pinacoteca do estado, 2006. p. 9-23.
“Ir Até aqui: Gravuras e Fotografias de Marco Buti” org: Alberto Martins, São Paulo: Cosac Naify, 2006. p.11-23.