Ai amigo, como me faz falta tê-lo para nossas conversas sobre mundo, nossos pontos pessoais tão defendidos, muitas vezes discutidos, mas sempre chegamos a boas reflexões.
É companheiro de arte fez diferença ir a Bienal desse ano e não compartilhar com você minhas inquietudes, meus medos e minhas criticas que ficaram tão abafadas.
Pra mim já se tornou habitual achar que a Bienal é uma instituição falida, assim como os casamentos tradicionais. Simples né?!O espaço arquitetônico já se tornou um símbolo, dinheiros e mais dinheiros são investidos nesse período, milhões de pessoas que se acham no meio artístico estufam o peito para falar da Bienal. Mas falar o que afinal?
Falar de um elefante branco no meio de um dos maiores parques de SP que acumula sabe lá quantos artistas de vários lugares do mundo com o intuito de discutir a produção artística contemporânea?!
Parece-me ainda muito estranho.
Como sempre um dia não é possível para ver tantos trabalhos e esse, em minha opinião, foi o ano dos vídeos. Pior ainda, porque ou você da aquela olhadinha discreta fingindo “intelectualidade” ou senta a bunda e assiste ao vídeo inteiro e finge compreender. Achei os vídeos muito próximos à linguagem cinematográfica, do que as artes visuais – mas também não vi todos fingi minha intelectualidade; muito cansativo.
Alguns trabalhos me interessaram mais por conhecer os artistas - Mira Schendel, Artur Barrio, Amélia Toledo, REX, Helio Oiticica, Leonilson entre muitos que aprecio. Mas fui mesmo a essa Bienal, pois queria ver a “discussão entre arte X política, ou a política da arte”.
Título dado à exposição, “Há sempre um copo de mar para um homem navegar" (eu diria afundar!) – verso do poeta Jorge de Lima tomado emprestado de sua obra maior, Invenção de Orfeu (1952)
Logicamente, depois de ver artistas que admiro e aprecio os trabalhos e artistas que desconhecia, mas com trabalhos bem bacanas, meu olhar pela exposição focou na intervenção urbana.
Logo no térreo um vídeo, do que acredito ser um “coletivo” intitulado de PIXAÇÃO SP desde 1980, com nosso ex colega de turma Rafael, mostrava imagens das manifest_ações que ocorreram a 2 anos atrás.
Em outro andar também do PIXAÇÃO SP fotos e um vídeo do CHOQUE PHOTOS, que tem um olhar fotográfico que acho incrível, o vídeo chamado Uma Ultima Noite.
Entre tags, pôsters, vídeos e fotos minha sensação de plena demagogia firmou-se. Lembro do bafafá que foi a Bienal passada quando um grupo organizado de pixadores invadiu o 2º andar do pavilhão. Lembro-me da policia, da sua ligação, das criticas, do vandalismo. E ai me pergunto o que os vândalos estão fazendo na Bienal deste ano?
Em minha opinião ficou feio pra curadoria e para os próprios “transgressores” que hoje ao que me parece perderam o valor. Fica claro com todos tem seu valor ($) e este tão pequeno quanto ao conceito, idéia, atitude.
Quando fui a Bienal me lembrei de uma aula que tive com uma professora da USP de arquitetura, onde ela comentou sobre arte x política x espaço urbano e comentou sobre um grupo argentino (GAC) que em um determinado momento teve seus posters e fotos e vídeos vinculados a galerias de arte, assim comercializando esses objetos.
Ao compreender o real significado de suas manifestações por acordo retiraram o vinculo com o institucional da arte. Afinal de contas eram um grupo especifico de militância, seu espaço era à margem desse núcleo artístico – com manifestações estéticas opostas ao mercado.
Militância não combina com patrocínio público, instituições, leis de cultura. Como se critica um governo e se aceita financiamento para veiculação, espaço para exposição Ao ir contra (viés político) o movimento artístico, distancia-se do institucional.
Enfim...
Como te prometi antes de viajar faria minha critica a Bienal... E ai está, com falhas, com questionamentos que me perseguem, com sonhos, mas sempre no campo da reflexão.
Como artista visual, me sinto na obrigação de ser alem do visual, de pensar, de estudar. Depois dessa Bienal e de tantas exposições que vêm ocorrendo acho que precisamos de mais pensadores do que objetos a serem contemplados, pois me sinto no vazio inexplicável, numa banalidade artística.
Sabe que a duas semanas Vik Muniz apareceu no programa da Angélica, na rede Globo, me permiti assistir aquilo e achar o fim dos tempos (RS), uma artista conhecido, com muitas exposições, um trabalho bacana aparecer em um programa off-cultural, é degradante. A meu ver mais um artista vendido que ganhou fortunas pra fazer a abertura da novela das 21hs e que quer ser mais badalado entre desocupados elitistas que assistem Angélica.
Bom meu amigo, aguardo seu retorno para nossas conversas...
Saudades bate forte
Beijos com amor
2 comentários:
Oiiiiiiiiiiiii!
Adorei o seu blog! Parabéns!!!
Se quiser conhecer o meu, é : www.espiculaderodinha.blogspot.com
Bjos!!!
Este vazio inexplicavél é inevitável para aquele que caminha pelas linhas da sensibilidade...
Beijos cúbicos, M.
Postar um comentário